terça-feira, 15 de junho de 2010

Quando cai a noite

Noite fria. Lareira acesa, filme, pipoca e você. Quanto mais tarde ficava, mais frio fazia. Quando mais tarde ficava, mais tempo eu passava ao seu lado. Quando mais tarde ficava, mais eu me encantava com o seu sorriso, com o seu olhar.
Que se dane a história, que se dane o fogo queimando aquele pedaço de madeira. Eu só queria saber de estar ali com você. Não estavamos sozinhos, não. Mas pra mim era como se estivessemos. Me perdia no brilho dos seus olhos todas as vezes que você falava da sua cachorrinha, a paixão da sua vida. Ficava sem graça sempre que você murmurrava alguma coisa no meu ouvido.
A madrugada caia. Você se envolvia nos meus braços e se deixava levar pelos meus beijos e abraços, que te esquentavam do frio e te envolviam com carinho, te amando de um jeito diferente. Um cochilo repentino durante o filme, que ainda entretia todo o resto do publico. Quando acordo, meus braços estão me envolvendo, tentando isolar o frio. Nossas mãos ainda se tocam. Você me faz um carinho no cabelo, um carinho na mão, e eles me tiiram completamente a atenção do filme.
Foi tudo tão perfeito. O dia, a noite, a madrugada, o dia seguinte. O que me doeu foi a partida. Aquela correria para não perder o onibus, a ultima passada no quarto para ver se esqueci alguma coisa e não, estava tudo em ordem. Tudo menos minha cabeça.
Quando cai em mim, me dei conta de tudo que fiz. Não me arrependi nem por um segundo. Ainda fico pensando em como aconteceu, como nós éramos antes de acontecer. E as vezes me pego sonhando acordada com aqueles dias. E o que era para ser coisa de uma noite só, ascendeu uma chama dentro de mim. Uma chama que deve, mas não quer se apagar.