segunda-feira, 29 de março de 2010

Tudo diferente

Perdi. Não tenho mais aquela vontade, aquele desejo incontrolável.
Chorei. Mesmo tentando me acostumar com a situação, é difícil ver que não está mais ao meu lado.
Me revoltei. Extravasei toda a raiva que ficou dentro de mim quando você disse adeus.
Me conformei. Não sinto mais vontade de lutar pra ter de volta o que eu já tive um dia.
Me recompus. Tentei viver de outra maneira, fiz de tudo pra esquecer as mágoas do passado.

Agora eu não digo que sou outra, mas tenho certeza que estou mudada. Preparada para aguentar tudo isso denovo. Dessa vez eu vou saber o que fazer. Quem sabe isso não muda o rumo da história?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Basta?

Chovia. Ela andava pelas ruas, meio sem rumo, meio perdida. Estava num lugar conhecido, mas se sentia em outro mundo.
Chovia. Ao passo que andava, pensava nas coisas que havia falado e lido na noite passada. Já não sabia o que fazer, o que falar.. muito menos o porque daquilo tudo.
Chovia. Fazia frio. Mas pra ela isso era o que menos importava. Não conseguia parar de pensar na conversa que tivera. Aquilo ainda não entrava na sua cabeça.
Pensou, refletiu, repensou. E viu que estava sofrendo por antecipação.
Em sua cabeça, ela estava se preparando pro pior. E isso era o melhor a se fazer.

A chuva parou. Seus pensamentos não.

sábado, 13 de março de 2010

Segredo

Desde pequena, tinha uma certa mania de achar que seus pais eram super-heróis. Olhava para seu pai e tudo que via era uma replica envelhecida do Super-Homem, misturado com Batman e com um quê de 007. Nos olhos de sua mãe, via a Senhora Incrível. É, essa mesma; a que se estica toda, que se vira para ajudar a família inteira, que é, literalmente, incrível.
Mas ela foi crescendo. E com o tempo veio verdade. Viu que seu pai não passava de um homem comum, sem super poder algum. Sua mãe ainda se virava para atender toda a família. Mas não tinha os poderes da Sra. Incrível. Ainda assim, acreditava que eles tinham alguma coisa de especial. Porque não eram como os outros pais. Ainda eram casados, enquanto todos os outros eram separados. Conversava com eles na hora do almoço, o que era muito estranho para seus amigos, que já quase não viam nem falavam com seus progenitores (pais são aqueles que tomam conta, que criam a criança). Ela era uma criança diferente, mas ninguém nunca notou.
Hoje se descobriu uma pessoa diferente. Viu que não era como suas amigas, mas também não era exatamente um modelo dos seus amigos. Se da bem com todos. Mas não é uma pessoa comum. Não só pelo fato de ter pais casados ou almoçar em familia quase todos os dias.. há algo de especial nessa menina. Mas ela não quer me contar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

era só mais um dia

Era só mais um dia.. havia acordado no horário de sempre, meio dia, com um telefonema de sua mãe, pedindo sua ajuda. Levantou, tomou seu banho, almoçou e se foi, sem saber o que a aguardava. Depois de cumprir sua tarefa, resolveu passar na loja de musica, apenas para pesquisar os preços de cordas. Acabou extravasando, comprara uma capa, cordas novas e colocara uma alça em seu xodó, que para os outros era só um violão. De lá, tomou seu rumo e foi para casa. Estava quente. Muito quente.
Em seu ipod, não tocava nenhuma musica que fizesse lembrar de sua amada. Mesmo assim insistia em lembrar. Como consegue, pensava, fazer isso comigo? Como pode me deixar assim? Por que insiste em rodear meus pensamentos?
Chegando em casa, não quis saber de outra coisa se não seu violão. Fechou os olhos, levantou da cadeira, fez um acorde não muito difícil e imaginou uma multidão aos seus pés. Ainda de olhos fechados, começou a cantar, imaginando que aquela mesma multidão cantava junto. Mesmo naquele palco imenso que era seu pensamento, com aquela legião cantando suas musicas, não conseguia parar de pensar naquela que tomara conta de seu coração.
Abriu os olhos, voltou ao mundo real. E viu que sua amada não estava ali ao seu lado, que não havia uma legião de fãs cantando e que seu xodó estava desafinado.
A tristeza tomou conta de seu coração. Mas foi só por alguns instantes, porque pensou no sorriso dela. Lembrou como é bom estar ao seu lado. Pensou em seu abraço que, apesar de pequeno, era muito aconchegante. E viu que não vale a pena se lamentar por ela estar longe. Vale, sim, lembrar de como é bom tê-la, ainda que longe.